A disponibilização de bolsas e as ações de acolhimento às demandas dos alunos bolsistas são fundamentais para a garantia de pleno acesso à educação. Acreditamos que uma das maneiras mais potentes e duradoras de se gerar impacto na vida das pessoas é por meio da educação. Por isso, o Núcleo de Orientação Psicopedagógica (NAP) tem atuação fundamental no acolhimento dos alunos, minimizando gaps na jornada acadêmica e abrindo portas para o futuro.
Depoimento da aluna Tainá
“Olá, eu sou a Tainá. Tenho 21 anos e sou do povo indígena Guarani Mbya.
Na minha vida, já tive muitos desafios, principalmente nos estudos. Na escola em que eu estudava, as pessoas não aceitavam que um indígena pudesse estudar como elas; ficavam olhando ou falavam baixo e não se aproximavam. Sempre que isso acontecia, eu pensava em desistir dos meus estudos e me perguntava se valia a pena estar na escola.
Mas meus pais me incentivavam a continuar estudando e sempre estiveram ao meu lado. E também tive uma professora que me ajudou muito, não só na escola. Conversávamos muito e ela me perguntava se eu tinha o sonho de fazer algum curso; foi aí que percebi meu desejo de ser médica para, algum dia, trabalhar na aldeia e ajudar meu pessoal. Pensando nisso, continuei a insistir nos estudos e, enfrentando o preconceito das pessoas, consegui terminar o ensino médio, com a certeza de que tenho muito a percorrer, que sempre haverá desafios e que, mesmo se eu cair, vai haver pessoas que me ajudarão a levantar.
Pouco menos de um ano depois, eu comecei a cogitar fazer um curso de medicina; procurei uma universidade e encontrei uma que tinha vestibular mais voltado para os indígenas. Mas também nesse período, eu conheci a Raquel Barros, que queria criar um projeto na minha aldeia. Ela soube que tinha algumas pessoas que queriam fazer um curso numa universidade e falou que poderíamos tentar uma bolsa na Facens. Procurei e vi que ainda não tinha medicina, mas que tinha enfermagem. Assim, fiz a prova e consegui passar, mas havia um probleminha: não poderia fazer o curso de noite; então, esperei alguns meses, e a Raquel me mandou uma mensagem informando que eu poderia mudar de área. Escolhi a psicologia. Eu não tinha muito interesse nessa área, mas queria entender sobre o que consiste essa profissão.
Tainá Ara Poty Ribeiro Gabriel —
estudante do curso de Psicologia da Facens.
No meu primeiro dia de aula, tinha muito medo de encontrar pessoas que não aceitariam uma indígena numa universidade, principalmente porque eu não falava português muito bem e seria difícil para me comunicar, mas, conforme os dias passavam, eu vi que as pessoas da minha sala eram acolhedoras e, mesmo que eu ficasse mais no meu canto, via que os meus colegas queriam se aproximar. E acho que estou melhorando: sempre tentava evitar as apresentações na sala, mas agora estou falando um pouco mais e estou falando português um pouco melhor também. A pessoa que mais me ajudou nisso foi a minha psicopedagoga, a Edna, que trabalha na Facens e me apoiou bastante. É uma pessoa muito importante para mim; então, agradeço a ela.
Depois que passei para o segundo semestre, a Raquel falou que já tinha o curso de enfermagem à noite. Então, fiquei indecisa em que curso ficaria. Assisti a uma aula de enfermagem e gostei, mas já estava bastante interessada no curso de psicologia e decidi permanecer.
A Facens se mostrou uma universidade completamente diferente. O pessoal me ajuda muito e os professores estão lá para me dar auxílio. Eu gostei também da estrutura dos prédios e vi que tem suporte para deficientes. Tem diversidade e isso me impressionou muito, porque não tem esse tipo de apoio em algumas universidades e acho que é por isso que eu gostei mais da Facens.
Então, tenho que agradecer a Facens por ter me dado a oportunidade de conseguir uma bolsa para eu poder estudar.”
Depoimento da Edna
“A psicopedagogia é um campo de conhecimento do processo de aprendizagem, considerando os sujeitos e sistemas, a família, a escola, a sociedade e o contexto social, histórico e cultural.” (Código de ética do psicopedagogo).
“Em 2023, comecei a atuar como psicopedagoga no NAP — Núcleo de Apoio Psicopedagógico, um espaço que visa a fortalecer os alunos para enfrentarem os desafios que possam ocorrer dentro do processo de ensino-aprendizagem.
Edna Araújo — Pedagoga e psicopedagoga.
Para alcançar tais objetivos e apoiar os alunos nessa jornada, foi preciso ampliar ainda mais meu olhar para a diversidade, sempre considerando as condições, as necessidades e a forma de aprender de cada pessoa, buscando estratégias que levem em conta as diferenças de origens culturais, língua materna e estilos de aprendizagem, com o objetivo de construir caminhos que promovam a equidade nesse ambiente tão diverso.
Desenvolver esse trabalho numa instituição de ensino superior é desafiador e tem enriquecido muito minha vida pessoal e profissional. Estou sempre aprendendo, e para isso, tenho encontrado muitos parceiros e parcerias que me ajudam nesse processo. Na Facens, oferecer oportunidades de acesso, permanência e qualidade no ensino superior tem sido uma tarefa de todos que permeiam esse espaço.”